Material sustentável:
Para um material ser considerado sustentável, não basta ser reciclável. É preciso que a empresa seja socioambientalmente responsável", Por responsabilidade social entendem-se desde medidas básicas, como a formalidade da empresa (ter CNPJ e pagar todos os impostos), até contribuir com a formação e a geração de empregos nas comunidades onde há fábricas instaladas, e tentar minimizar os danos ao meio ambiente local. "Um componente ecológico perde sua eficácia, por exemplo, se percorre quilômetros dentro de um caminhão até a fábrica, emitindo CO2 na atmosfera com a queima de combustível", explica Carolina. Marisa Plaza, responsável pela certificação do Selo Ecológico do Instituto Falcão Bauer, de São Paulo, completa a explicação ao citar o terceiro elemento que compõe o tripé da sustentabilidade: "Lucro e competitividade econômica". Diante dessa complexidade, existem parâmetros confiáveis para destacar os mais sustentáveis? "O mercado brasileiro de materiais verdes para a construção ainda está nos primórdios, em relação a Canadá, Estados Unidos, Austrália, Japão e União Europeia", avalia o engenheiro paulista Anderson Benite, diretor da Unidade de Sustentabilidade do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), que presta consultoria na certificação de edifícios sustentáveis. "Nesses países existe uma diversidade de selos que comprovam o desempenho ambiental dos materiais. E as avaliações criteriosas minimizam o greenwashing", completa.O engenheiro toca em questões delicadas. A primeira delas é a nomenclatura adotada por parte dos fabricantes para sugerir que seus produtos são sustentáveis - uma estratégia de marketing. Daí surgirem os termos ecológico, verde, reciclável, natural, orgânico etc., gerando confusão e dúvidas. "Essas denominações não significam nada se não tiverem meios claros de comprovação", explica. O fenômeno é tão comum que ganhou nome. Trata-se do greenwashing (ou verniz verde), cunhado pela empresa canadense de marketing ambiental TerraChoice, que definiu parâmetros para verificar se a empresa omite ou distorce informações sobre os materiais que produz (detalhes no site http://www.sinsofgreenwashing.org). Em 2010, a TerraChoice examinou quase 5 300 itens anunciados como verdes nos Estados Unidos e no Canadá. O resultado foi alarmante: apesar do crescimento de 73% no número de produtos com algum diferencial ecológico, mais de 95% dos fabricantes cometeram ao menos um deslize típico do greenwashing.
A outra questão diz respeito à forma como o mercado brasileiro analisa e certifica seus produtos, ainda muito aquém do movimento mundial. Países da Europa, América do Norte e o Japão se reúnem desde a década de 90, quando foi criada uma rede global de rotulagem ambiental, batizada de Global Ecolabelling Network (GEN), para definir políticas de sustentabilidade com base nas melhores práticas desenvolvidas por todos os integrantes. Eles chegaram a um consenso sobre três tipos de certificação de produtos:
Declaração de primeira parte: ocorre quando o fabricante apresenta um documento assinado, responsabilizando-se pelos dados ambientais de seus produtos. Ele informa se contêm conteúdo reciclado (e quanto) e a distância percorrida do ponto de coleta da matéria-prima até a fábrica. Também informa se traz na formulação (com qual porcentagem) substitutos para componentes que causem alergia ou envenenamento por uso prolongado - substâncias químicas ou compostos orgânicos voláteis.
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